História

Da Génese

As primeiras referências a animais da raça Frísia em Portugal reportam-se ao século XVII, na região de Lisboa. No entanto, foi na região de Aveiro, considerada durante muitos anos o solar da raça Frísia em Portugal, que esta raça encontrou as condições propícias à sua exploração e maior desenvolvimento e a partir da qual se expandiu para todo o país.

Até ao início do século XX o consumo de leite era reduzido e a venda nas cidades era normalmente feita porta-a-porta com as vacas que eram ordenhadas no momento. Esta prática só seria proibida em Lisboa a partir de 1920. O leite passou então a ser vendido por leiteiras ou vendedeiras de leite, que compravam o leite em pequenas explorações existentes na proximidade dos centros de consumo mais importantes, sendo as condições de produção e distribuição regra geral bastante deficientes.

A criação da Junta Nacional dos Produtos Pecuários, em 1939, veio trazer uma profunda alteração no sector dos lacticínios, com o ordenamento da actividade industrial que passou pela definição de zonas de abastecimento às fábricas, pelo condicionamento dos postos de recepção e de concentração do leite e a promoção da fusão de fábricas de lacticínios.

Em 1956 foi criada a Estação de Fomento Pecuário de Aveiro, com o objectivo de apoiar e desenvolver a produção pecuária na Beira Litoral:

À Estação de Fomento Pecuário de Aveiro, destinada a servir a lavoura da Beira Litoral e onde se encontra já em funcionamento um posto zootécnico experimental, integrado na Intendência Pecuária de Aveiro, vão pois ser confiadas algumas tarefas da mais alta importância, entre as quais se destacam os contrastes de descendência, a inseminação artificial, a recria de reprodutores para ulterior cedência aos lavradores e, de um modo geral, a vulgarização e os estudos tecnológicos relacionados com a utilização das várias espécies pecuárias (Decreto-Lei 40 671).

O Livro Genealógico da Raça Frísia foi criado em 1959, sendo nesse mesmo ano publicado o “Regulamento do Livro Genealógico Português da Raça Bovina Holandesa” pela Portaria nº 17 175, de 19 de Maio de 1959. Na introdução deste regulamento é referido que:

A exploração de bovinos leiteiros no nosso país tem sofrido notável incremento nestas últimas três décadas, não só no que diz respeito ao número representativo dos seus efectivos, mas ainda, e sobretudo, ao aumento da sua produção unitária, factos que se devem essencialmente ao acréscimo do consumo de leite, no primeiro caso, e à difusão de reprodutores de bom quilate zootécnico, no segundo. (…)

Estas providências, porém, só poderão persistir e ter verdadeira projecção no futuro se se fizerem os contrastes de produção e os registos genealógicos dos animais de melhor nível zootécnico, cuja descendência possa assegurar a perpetuidade dos caracteres dos seus ancestrais.
Segundo este regulamento, seriam admitidas no livro de adultos:
o    (…) os machos registados no livro de nascimentos, a partir dos 15 meses de idade, que tenham sido classificados com a pontuação mínima de 80 pontos e cujas mães tenham produzido pelo menos 4000 kg de leite com 3,5 por cento de gordura;
o    As fêmeas inscritas no livro de nascimentos a partir de 20 meses de idade, que tenham atingido uma classificação igual ou superior a 75 pontos;
o    (…) as fêmeas que tenham produções contrastadas não inferiores a 3000kg de leite na 1ª lactação, com 3,5 por cento de gordura, ou 4000 kg de leite em qualquer das restantes lactações com a mesma percentagem de gordura.


A primeira "Sala Colectiva de Ordenha Mecânica" foi instalada a título experimental em 1967 em Oliveira de Azeméis. Entre 1967 a 1969 foram instaladas 100 salas colectivas de ordenha, em 1977 existiam 705 e em 1981 o número total atingia as 1441 salas.

Apesar de o contraste leiteiro ter tido início a nível experimental em 1943, apenas na década de 60 do século passado, com a generalização dos sistemas de ordenha mecânica, se tornou possível a sua sistematização. O grande impulso do contraste deu-se a partir de 1979, com a criação da subvenção de 35 kg de leite por vaca contrastada e com a informatização dos dados recolhidos.

 

Os Concursos Pecuários foram sempre uma importante componente de divulgação dos melhores exemplares da raça Frísia e de promoção do Melhoramento Genético, tendo sido apoiados ao longo dos anos inicialmente pela Estação de Fomento Pecuário de Aveiro e mais tarde pela EABL.

 

Se quiséssemos simbolizar a vida rural de Entre Douro e Mondego, especialmente na larga planura do Distrito de Aveiro que se estende e se debruça sobre o mar, não encontraríamos certamente melhor e mais expressivo sinal que a vaca leiteira. Integrada na paisagem verde dos campos ou imanizando as atenções e absorvendo cuidados persistentes nas explorações agrícolas, ela imprime carácter de dominância nesta região. E então surge e conquista posição personalizante, tal como o touro no Ribatejo, a oliveira na Beira Baixa, o sobreiro no Alentejo ou a vinha de enforcado no Minho (In 1ª Feira Exposição Agro-Pecuária de Aveiro, Julho 1972).

Aveiro era então o distrito de Portugal Continental que apresentava a maior produção de leite:

  1. Aveiro – 28,6%
  2. Lisboa – 19,9%
  3. Coimbra – 12,8%
  4. Porto – 11%
  5. Braga – 7,1%
  6. Viana do Castelo – 5,2%
  7. Évora – 4,8%
  8. Portalegre – 3%
  9. Santarém – 2%
  10. Leiria – 1,8%
  11. Setúbal – 1,7%
  12. Beja – 1,6%
  13. Diversos – 0,5%

 

À Actualidade


Em 1991 foi criada a Associação para o Desenvolvimento da Estação de Apoio à Bovinicultura Leiteira (EABL) que contou como associados fundadores a Direcção-Geral de Veterinária, a Direcção Regional da Agricultura da Beira Litoral, a Associação Portuguesa dos Criadores da Raça Frísia, a Proleite e a Lacticoop. A EABL iniciou as as suas funções em Junho do mesmo ano nas instalações da antiga Estação de Fomento Pecuário de Aveiro, em Verdemilho, tendo como principal objectivo o tratamento dos fluxos de informação gerados pelas acções de campo que as cooperativas vinham desenvolvendo.

A partir de 1995 a EABL passou a ser a entidade responsável pela execução do contraste leiteiro em todo o Distrito de Aveiro e parte dos Distritos de Coimbra e de Leiria, passando a realizar o contraste leiteiro em cerca de 650 explorações, com um efectivo total que rondava as 16.700 vacas. A inclusão como associada da Direcção Regional da Beira Interior resultou no alargamento da área de intervenção aos Distritos da Guarda e Castelo Branco.

Com o objectivo de contribuir para o melhoramento e rendibilidade dos efectivos bovinos leiteiros do Sul do país a ATABLES (Associação Técnica para o Apoio à Bovinicultura Leiteira do Sul) foi fundada em Dezembro de 1993, passando a ser a entidade responsável pelo contraste dos bovinos leiteiros na região Sul do país (correspondente às áreas de intervenção das Direcções Regionais do Ribatejo e Oeste, do Alentejo e do Algarve).

Com vista ao aumento da eficiência e à prestação de um melhor serviço aos produtores de leite, as duas estruturas responsáveis pelo contraste leiteiro nas regiões Centro e Sul do país, EABL e ATABLES, fundiram-se no final de 2013, passando a operarem apenas com a designação EABL.

A EABL passou assim a ser a entidade responsável pelo contraste leiteiro nas zonas Centro e Sul de Portugal continental, operando nos distritos de Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Leiria, Lisboa, Santarém, Portalegre, Setúbal, Évora e Beja.

 

Os crescentes condicionalismos e restrições impostas ao exercício da actividade pecuária, as dificuldades resultantes da dimensão das explorações e uma cada vez menor margem que a actividade liberta, constituem um desafio para as explorações agrícolas, assim como, para as organizações. Se, por um lado, estas são compelidas a promover uma racionalização e reorganização dos seus serviços, de forma a assegurar a sua própria viabilidade económico-financeira, por outro devem adaptar-se de forma a disponibilizarem serviços mais especializados, direccionados para produtores de maior dimensão e com necessidades cada vez mais específicas.

É neste enquadramento que as associações Associação de Criadores da Raça Marinhoa (ACRM) e EABL entendem que na melhor persecução dos seus objetivos e consequentemente na defesa dos interesses dos seus associados, deviam congregar esforços, tendo como fim a criação de um projecto comum. Assim, em Outubro de 2015, ACRM tornou-se entidade associada da EABL, transitando todo o trabalho relativo ao Livro Genealógico da Raça Marinhoa para esta entidade.